segunda-feira, 13 de junho de 2016

7 a 1 foi pouco

O futebol evoluiu mundo afora e nós não acompanhamos. Seguimos com a visão do individual sobre o coletivo, e as coisas não funcionam assim no "futebol moderno". Protagonistas têm de conciliar sua qualidade com a bola e sua função tática na equipe. Ainda acreditamos na fórmula mágica de equipe perfeita: zagueiro alto e forte, volante 'brucutu', laterais ofensivos e do meio para a frente os craques que decidem a qualquer momento e não precisam ajudar no trabalho defensivo.
Não dá mais para jogar desta maneira. Não tem fórmula mágica. Temos a qualidade técnica como característica, mas precisamos entender que futebol é coletivo. O individual só decide se o coletivo for forte. O jogo hoje é, sobretudo, ocupação de espaços. Com muito mais intensidade que no passado, com maior necessidade da solidificação de um modelo de jogo pré-definido. Todos jogam, mas todos têm de marcar. Não necessariamente desarmar, mas sim ocupar os espaços e fechar opções de passe. Com a bola, não basta ter visão, passe refinado e técnica. Os movimentos precisam ser coordenados e bem treinados para quebrar as linhas de marcação do oponente e conseguir criar. 
Mas o campo está longe de ser o único problema de nosso futebol. Crescemos ouvindo dos comentaristas que "temos que jogar como Brasil", mas o que é jogar como Brasil? Pouco se discute o jogo de fato na mídia. Quem se prejudica é o telespectador, que constrói sua visão baseada no que escuta, portanto não tem base para levantar possíveis formas da mudança e debater futebol. Precisamos mudar esta cultura imediatista que demite treinador após resultados negativos para "mexer com o ânimo dos atletas" sem sequer analisar desempenho e quem se irá contratar. Futebol precisa de planejamento. De que adianta ter categorias de base se o jogador surge e logo é negociado por um troco para 'aliviar os cofres do clube'? A base serve para construir o futuro!
Um bom exemplo recente de trabalho a longo prazo é o da Alemanha, que começou a construir essa geração em 2004, após eliminação precoce na Eurocopa do ano em questão. Jürgen Klinsmann e Joachim Löw lideraram este trabalho de reconstrução. Objetivo principal era o título da Copa de 2006, disputada na própria Alemanha. 
Klinsmann e Löw no início de trabalho.
Sem o título (3ª colocação e base forte para a sequência do trabalho), Klinsmann deixou o comando da seleção, que ficou com o então assistente, Löw. Geração foi vice da Eurocopa de 2008, 3ª colocada da Copa de 2010 e semifinalista da Euro 2012. O projeto seguiu, a liga nacional melhorou em muitos aspectos, e o orgulho germânico voltou. Evolução grande, mas até então sem nenhum título. Para a Copa de 2014, a Alemanha inovou e construiu um hotel em Santa Cruz Cabrália (BA), para se hospedar e treinar antes e durante a competição. Longe do oba-oba. Muita tranquilidade, seriedade e trabalho. 
Time com ótimos valores individuais, sem dúvida. Mas que tinha como ponto forte o coletivo. 4-1-4-1 que utilizava marcação pressão em bloco alto, troca de passes rápidos, saída de bola qualificada, ocupação de espaços inteligente, etc. Bastian Schweinsteiger como "1º volante", Toni Kroos e Khedira como meias, Özil e Müller nas pontas e Klose na referência. Coletivo extremamente forte e talento decidindo. Título indiscutível, com direito a goleada sobre a multicampeã seleção brasileira na semifinal.
Base da Alemanha tetracampeã do Mundo.

Quase dois anos após o 7 a 1, rigorosamente nada mudou no futebol brasileiro. Seguimos demitindo técnicos sem planejamento, preterindo jovens para ter os medalhões (tanto jogadores quanto técnicos) e inventado seguidas desculpas nas derrotas sofridas. Na Copa 2014, apagão. Na Copa América 2015, virose. Agora, Dunga ou arbitragem. Há quem diga que "a geração é ruim". Que tal aceitar que precisamos repensar o futebol nacional?
Precisamos mudar nossa forma de pensar futebol. Os problemas não são exclusivamente táticos e técnicos, vêm desde os clubes falidos, até os campeonatos com públicos ridículos e a prepotência brasileira ao falar de futebol. Não somos mais os melhores do mundo, apesar de termos uma geração com excelentes nomes (talvez o melhor elenco do mundo, é discutível). 
É difícil aceitar que precisamos mudar, principalmente para quem viu grandes seleções e times do passado. Mas o futebol mudou muito. O saudosismo só atrapalha a evolução do futebol no nosso país. E ajuda a entender o porquê do 7 a 1 e de tantas derrotas seguidas. 
O Brasil parou nas cinco estrelas.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Arsenal vence o City e encosta no líder!

Grande jogo no Emirates Stadium. Vice-líder e terceiro colocado se enfrentando na busca por diminuir vantagem do líder Leicester.
Arsenal veio a campo em seu habitual 4-2-3-1, com Cech; Bellerin, Mertesacker, Koscielny e Monreal na primeira linha; Flamini e Ramsey volantes; Walcott e Campbell abertos, além de Özil atrás de Giroud.
City também no 4-2-3-1 de sempre, com: Hart no gol; Sagna, Otamendi, Mangala e Kolarov na primeira linha; Yaya Touré e Fernandinho volantes; De Bruyne e Delph abertos, mais David Silva centralizado e Agüero na referência.
                                                    Panorama da primeira etapa.

Visitantes tomando iniciativa e propondo jogo em Londres. Yaya e Fernandinho iniciando a transição e buscando acionar os meias que se movimentavam para buscar espaço entre as linhas vermelhas. 
Gunners marcando a partir do meio-campo (bloco médio/baixo), sem exercer muita pressão ao portador da bola, mas fechando linhas de passe com primor. Azuis tinham posse de bola, amplitude e os dois principais articuladores da equipe - De Bruyne e Silva - buscavam trabalhar entre as linhas do Arsenal, mas faltou poder de infiltração e profundidade para levar perigo ao gol de Cech.
     Aqui um exemplo do que aconteceu em boa parte do jogo: Yaya com a bola e linhas de passe fechadas. Teve de utilizar a opção de retorno.

Mandantes com linhas próximas e muito bem coordenadas. Espaços entre elas até apareciam, mas oponente tinha dificuldade em aproveitá-los. Giroud alongava a compactação da equipe, como no frame a seguir.
                                         4-4-1-1 do Arsenal ao negar espaços.

Em uma transição rápida com passes curtos, Özil viu Walcott no entrelinha adversário e fez o passe. O inglês então girou e finalizou cruzado, abrindo o placar na primeira finalização do Arsenal no jogo.
 Com vantagem no placar, os comandados de Wenger buscaram trabalhar mais a posse, e pouco tempo depois o segundo gol veio, novamente com Özil vendo espaço entrelinhas do City e dando assistência, desta vez para Giroud. Intervalo e 2-0 no placar, com 2 finalizações londrinas e apenas 1 do City. 40% x 60% para o Manchester City na posse de bola.
Na segunda etapa, tônica do jogo seguiu a mesma do início do cotejo. Arsenal fechado com duas linhas de 4 organizadas e City propondo, buscando espaços para infiltrar.
Proposta londrina seguiu funcionando bem. Manchester seguiu com linhas de passe fechadas e dificuldade para realizar troca de passes no campo de ataque, apesar de usar bem o apoio dos laterais.
Jesus Navas, que saiu do banco, entrou bem aberto e fez com que Sagna atacasse por dentro. Em um desses ataques, o lateral francês tabelou com Yaya Touré, que finalizou com maestria no ângulo direito de Cech.
 2-1 e pressão final dos visitantes, que com o empate seguiriam a 1 ponto do Arsenal, 2º colocado. Nada feito. Apesar do "abafa", resultado persistiu e os Gunners seguem fortes na briga pelo título, a 2 pontos do líder Leicester. 38 e 36 pontos têm líder e vice-líder da Premier League, após 51 pontos disputados. Manchester City segue com 32 pontos, em 3º.
                                             Equipes que terminaram a partida.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Análise tática: Internacional 1-1 Palmeiras

Inter de Argel, vindo de bons resultados no Brasileirão, recebia o Palmeiras, três pontos a sua frente no nacional e atualmente integrante do G4. Confronto mais equilibrado das quartas-de-final da Copa do Brasil, pelo menos teoricamente.
No Beira-Rio com quase 35 mil presentes (30.740 pagantes), viu-se um jogo de muitos lançamentos diretos e baixo nível técnico. Aquém do que 7º e 4º colocado podem proporcionar. 
Colorado no 4-3-3 sem referência, com Alisson no gol; William, Paulão, Réver e Ernando na primeira linha; Rodrigo Dourado, Nilton e Wellington Martins no meio; Vitinho e Valdivia abertos, Alex como "falso nove".
Verdão no 4-2-3-1 de sempre, com Fernando Prass; Lucas, Jackson, Vitor Hugo e Egídio na primeira linha; Amaral e Arouca volantes; Robinho, Dudu e Gabriel Jesus na linha de meias; Lucas Barrios referência.
Panorama inicial
Palmeiras propositivo, com dificuldade na transição ofensiva e falta de amplitude. Volantes não se apresentavam para saída de bola e ligações diretas ocorriam a todo momento. Dudu por dentro, com total liberdade para movimentar-se e conduzir a redonda, com mais espaço para tal. Robinho aberto pela direita como organizador. Faltou aproveitar os espaços cedidos pelo adversário nos flancos. Sem posse, equipe espaçada e repleta de encaixes com perseguições longas.
Problema na transição ofensiva palmeirense. Reprodução: SporTV
Palmeiras sem a posse. Reprodução: SporTV
Pressão alta palmeirense. Reprodução: SporTV.
Inter reativo, com linhas e setores distantes. Marcação a partir dos volantes, sem pressão ao portador da bola. Pouco jogo entrelinhas e má coordenação de movimentos. Ofereceu espaço e transitou mal.
Reprodução: SporTV

Problemas habituais reapareceram no time de Marcelo Oliveira: Aproveitamento nos passes ruim (79,14%) e marcação com encaixes individuais, que gera espaços ao oponente em momentos do jogo. Muitos lançamentos (aproveitamento ruim também) graças ao problema na transição ofensiva já antes citado. 
Encaixe individual. Reprodução: SporTV
Ponta não fecha espaços, apenas cobre subida do lateral adversário. Reprodução: SporTV.
Pós-golaço de Alex, segundo tempo de amplo domínio visitante, especialmente depois de recuo de Robinho para volante. Mandante acuado, chegando até a esboçar um 4-1-4-1 com placar favorável. Porém, vantagem no placar durou pouco. Rafael Marques entrou para decidir, em transição iniciada por Robinho.
Esboço de 4-1-4-1 do Inter com placar favorável. Reprodução: SporTV.
Início da jogada que culminou no gol de Rafael Marques. Reprodução: SporTV
Com 1-1, equipes se expuseram mais. Palmeiras com Robinho volante, Rafael, Dudu e Allione na linha de três, mais Cristaldo na frente. Marcação seguiu variando entre blocos médio e alto, com pressão. Internacional no 4-2-3-1, agora com referência fixa, Vitinho, Alex e Valdivia na linha de três. Bruno Gaio, estreante, na frente. Com mais pressão.
Equipes que terminaram a partida.
Resultado ruim para ambos. Inter empatou levando gols em casa e decide fora, Palmeiras jogou para vencer e não o fez. Alviverde favorito para avançar e enfrentar classificado de Fluminense x Grêmio (ida 0-0, no Rio de Janeiro) na semifinal.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Reativamente, São Paulo bate o Grêmio em Porto Alegre

Invicto em casa, Grêmio recebia o São Paulo, que tinha retrospecto negativo como visitante nos últimos jogos. Favoritismo todo do Tricolor gaúcho para a partida.
Em campo, viu-se um Grêmio menos intenso e com mais dificuldade na armação que de praxe. Muito graças ao jogo do São Paulo, de muita aplicação e organização na cancha.
Roger manteve a estrutura tática da equipe, no 4-2-3-1. Bruno Grassi no gol; Galhardo, Rafael Thyere, Erazo e Marcelo Oliveira na primeira linha; Edinho e Walace volantes; Giuliano, Douglas e Fernandinho na linha de meias; Luan "falso nove", invertendo com Douglas em alguns momentos. 
São Paulo de Osorio veio no 4-1-4-1, com Renan Ribeiro; Bruno, Rodrigo Caio, Lucão e Matheus Reis na primeira linha; Breno entrelinhas; Thiago Mendes e Carlinhos meias interiores, Pato e Michel Bastos nas pontas; Ganso como "falso nove".


Panorama da primeira etapa.

Desde o princípio, Grêmio buscando propor e São Paulo posicionado para contragolpear. 
Grêmio com pressão alta, compactação e toques rápidos. Mas apresentava dificuldade no jogo entrelinhas e movimentava-se pouco, facilitando marcação adversária. Não conseguia controlar a posse e faltava verticalidade.



Grêmio pressionando a saída são-paulina. Reprodução: Premiere
São Paulo marcando mais agrupado que de costume e com maior intensidade. Não pressionava a saída adversária como faz habituamente, mas buscava fechar linhas de passe e tinha superioridade no setor da bola a todo momento.


Compactação defensiva do SP: 9 jogadores de linha em poucos metros. Reprodução: Premiere



Superioridade numérica do São Paulo no setor da bola. Reprodução: Premiere.

Transição ofensiva muito rápida e objetiva, criando boas chances e culminando nos dois gols da equipe. Amplitude utilizada em muitos momento, como mecanismo de ruptura das linhas adversárias.


Defesa do Grêmio posicionada e visitantes utilizando a amplitude. Reprodução: Premiere.
No primeiro gol, Pato desarmando atrás e avançando sem a bola. Carlinhos contando com a sorte para depois acertar belo passe para quem começou a jogada conclui-la em gol: o 9º de Alexandre Pato no Brasileirão. 
Pressão ainda maior do Grêmio depois de atrás no placar. Mais espaço para o São Paulo ligar seus contra-ataques.
Durante parte do jogo, domínio dos paulistas. Controle espacial e possessivo. Time conseguia avançar suas linhas e trabalhar a bola no ataque, sem dar espaço para o rival jogar. Recuperação rápida. 
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Equipes do fim da partida.
Já no momento de "pressão final" do Grêmio, Rogério recebeu e avançou com espaço e opção de passe no contra-ataque. Contou com a sorte e matou o jogo, marcando seu 2º gol pelo clube em 3 partidas.
Ainda deu tempo do Grêmio fazer seu "gol de honra" com Everton, que recebeu de Pedro Rocha. Os dois jovens vindo do banco.
Com o resultado, São Paulo segue com a mesma pontuação do 4º colocado (Flamengo, 41 pontos), em 5º. Grêmio segue em 3º, a 4 pontos do vice-líder e agora 9 do líder Corinthians (54 x 45). Título mais distante do Sul, briga pelo G4 segue como realidade do São Paulo.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Mortal nos contragolpes, Santos vence e elimina o Corinthians em Itaquera

A vantagem conseguida através do 2-0 no jogo de ida, somada a uma grande atuação na volta classificaram o Santos às quartas-de-final da Copa do Brasil.
Jogos diferentes, resultados finais semelhantes. Na ida, Peixe propondo e Corinthians reativo (leia mais aqui). Na volta, o oposto. Mas em ambos o time comandado por Dorival saiu vitorioso e foi superior. 4-1 no agregado.
Em Itaquera, com grande público (37.338 pagantes), o jogo teve o Timão com a bola, buscando propor e reverter o placar da ida. Santos reativo, investindo em contragolpes velozes.
Equipes que iniciaram a partida.
Equipes vieram em seus esquemas habituais. Corinthians no 4-1-4-1, com Cássio no gol; Edilson, Felipe, Gil e Uendel na primeira linha; Ralf entre linhas; Bruno Henrique e Renato Augusto interiores, Matheus Pereira e Malcom nas pontas; Vagner Love na referência.
O 4-1-4-1 do Corinthians, linha de defesa mais atrás.
 Santos no 4-2-3-1, com Vanderlei na meta; Victor Ferraz, David Braz, Gustavo Henrique e Zeca na primeira linha; Renato e Thiago Maia os volantes; Gabriel, Lucas Lima e Geuvânio na linha de meias; Ricardo Oliveira à frente.
Propostas eram claras. Corinthians buscando o ataque, criando através de passes curtos, e Santos com duas linhas bem compactas e velocidade para contra-atacar, além de muita pressão à saída corintiana (a chave do jogo). 
O 4-4-1-1 do Santos sem a posse.
Com Ralf, time perde muito em qualidade no passe. Com uma opção a menos para sair com qualidade e sendo pressionado em seu campo, difícil fazer jogo fluir. 
Em algumas oportunidades o Peixe teve 6 jogadores pressionando no campo de ataque. Muito complicado sair por baixo, com qualidade, nessa circunstância.
Momento em que 6 santistas pressionam no campo de ataque.
Além do problema na saída de jogo, Corinthians não conseguia se manter com a posse. Santos fechava linhas de passe com primazia. Jogador corintiano recebia a bola sem opções claras e errava o passe, possibilitando o contragolpe. 
Os dois gols santistas saíram de retomada de bola + velocidade. No primeiro, Malcom erra passe pela esquerda, Lucas Lima avança com a bola e projeta Geuvânio às costas de Edilson e Felipe. O "caveirinha" cruza na medida para Gabriel abrir o placar.
Parte final da jogada do 1° gol santista.
No 2º, Gil corta errado de cabeça, Thiago Maia lança Marquinhos Gabriel, que avança em velocidade e cruza para Ricardo Oliveira, atrás da zaga, marcar seu 24º gol na temporada e selar a classificação do Alvinegro praiano.
O 2° gol do Peixe, em outro contragolpe veloz.
Com 2-0 no placar e Santos classificado, Corinthians seguiu tentando. E conseguiu seu gol de honra com Ángel Romero, que aproveitou passe de Vagner Love.
Times que terminaram o confronto.
Classificação absolutamente incontestável do Santos. Soberania no confronto. Agora o Corinthians foca-se exclusivamente na busca pelo título Brasileiro, enquanto o Peixe terá duas frentes. Deve seguir no meio de tabela do nacional, mas é um dos favoritos na copa. Futebol vistoso e consistente desde a chegada de Dorival Jr.

domingo, 23 de agosto de 2015

Análise dos 20 times da Série A - 1º turno e projeção para a sequência

Apesar dos problemas já conhecidos (15 técnicos demitidos em 19 rodadas) e arbitragem horrível (para todos), ótimo primeiro turno. Emoção, equilíbrio, média de público crescendo e evolução tática nítida se compararmos às últimas edições. Sistema mais utilizado pelas equipes continua sendo o 4-2-3-1: 11 equipes o tem como base.
Em ordem decrescente, analisaremos brevemente os 20 times que proporcionaram 421 gols em 190 jogos (2,21/jogo) no primeiro turno.

Corinthians

Time essencialmente reativo. Marcação compacta e saída em velocidade pelos lados. Muita intensidade. Como mandante, adota pressão mais alta. Fora de casa, bloco mais baixo e linhas de passe adversárias bem fechadas. 4-1-4-1 é o esquema utilizado. Melhor defesa (14 gols sofridos) e 4º melhor ataque (27 gols pró). Candidato ao título.
Time-base do Corinthians, no 4-1-4-1.

Atlético-MG

Para muitos o time mais bonito de se ver jogar no campeonato. Futebol ofensivo, que proporciona o melhor ataque da competição (33 gols pró). 5ª melhor defesa ao lado de Fluminense e Palmeiras (18 gols sofridos cada). Utilizou o 4-1-4-1 por um tempo, mas 4-2-3-1 predominou. Saída lavolpiana com Rafael Carioca (jogador com mais passes certos no campeonato, 1038) e busca pelo ataque a todo momento. Mostrou dificuldade em infiltrar e marcar gols contra times com defesas compactas em alguns jogos. Candidato ao título.
Time-base do Galo, no 4-2-3-1.

Grêmio

Time mais moderno do Brasil. Intensidade absurda e jogo variado. Propõe ou reage com naturalidade. Utiliza saída lavolpiana (os dois volantes titulares podem fazer), transições rápidas e compactação a bloco médio/alto. Futebol coletivo e extremamente moderno desde a chegada de Roger Machado (olho nele!). 4-2-3-1 é o esquema. Candidato ao título.
A base do time mais moderno do país, no 4-2-3-1.

Fluminense

Não faliu após a saída da patrocinadora. Longe disso. O Tricolor manteve a base do time de 2014, mas já mudou o comando técnico duas vezes em 2015. Jogo baseado em transições velozes. Jogadores de qualidade técnica na frente, mas que não participam da fase defensiva. O "time de guerreiros" do início do campeonato não existe mais. Time perde intensidade e compactação e ganha qualidade técnica. Saldo negativo, a meu ver. Coletividade em primeiro lugar sempre. 4-2-3-1 é o esquema adotado por Enderson Moreira. Briga pelo G4.
Possível base do Flu, no 4-2-3-1.

Palmeiras

Novo time, novo estádio e nova realidade. Clube enfim demonstra uma reação para voltar a ser grande. 24 reforços, melhor média de público (34.275/jogo) e ótimo elenco. Outro time com Marcelo Oliveira até aqui. Reativo e muito intenso. Pressão alta à saída adversária e transições rápidas. 4-2-3-1 é o esquema utilizado. Perde muito sem Gabriel, que era o primeiro armador da equipe: o meio-campista moderno, que joga e marca. Desarma e faz jogo fluir com qualidade. Candidato ao título, mas pode dividir o foco com a Copa do Brasil.
Time-base do Palmeiras, no 4-2-3-1.

São Paulo

Extremamente ofensivo e moderno. Linhas altas e pressão a todo momento. Time que mais troca passes (e que melhor troca também). Rodízio de jogadores e pressão alta. Sofre com a dificuldade em controlar a posse de bola, o que gera contragolpes aos adversários. Perde jogadores a todo momento, o que atrapalha muito. 3-4-3 é o esquema predominante, mas 4-2-3-1 também pode ser utilizado com frequência. Briga pelo G4.
Hipotético time-base do São Paulo, no 3-4-3.

Sport

Surpresa do campeonato. Resultado da ótima gestão, que manteve o comando técnico e contratou jogadores de qualidade. Futebol limpo (equipe que menos comete faltas), coletivo e equilibrado. Compactação impressionante, propõe e contra-ataca bem, equipe é muito homogênea. 3º melhor ataque (31 gols pró) e equipe que menos perdeu no primeiro turno (2 derrotas, para líder e vice-líder) em 19 jogos. 7 vitórias, 10 empates e 2 derrotas até aqui. 4-2-3-1 é o esquema utilizado pelo ótimo e promissor Eduardo Baptista. Briga pelo G4.
Time-base do Sport. No 4-2-3-1.

Atlético-PR

Comandado por Milton Mendes, único técnico com curso da UEFA na Série A. Jogo essencialmente transicional. Time que recompõe rapidamente e contra-ataca com a mesma eficiência e rapidez. Viveu crise no início do ano e já trocou comando duas vezes (Claudinei Oliveira e Enderson Moreira passaram por lá em 2015.) 4-2-3-1 é o esquema. Meia central mais recuado, próximo aos volantes. Ajuda na hora de retomar posse e ligar contragolpe. Briga pelo G4.
Base do 4-2-3-1 do Furacão.

Chapecoense

Clube novo, pela segunda vez na Série A em sua história. Aparentemente gestão competente. Um dos 5 clubes da elite que não trocou comando técnico no ano. 4-1-4-1 com variação para o 4-2-3-1. Reativo e muito forte em casa. Velocidade pelos lados e linhas bem compactas. Poucos encaixes individuais, marcação predominantemente zonal. Deve seguir no meio da tabela.
Base do 4-1-4-1 da Chape.

Ponte Preta

Começou muito bem, e caiu, naturalmente. Trocou comando técnico e agora se reconstrói. Time de Doriva é semelhante ao de Guto: reativo, com linhas adiantadas e pressão forte. Saída limpa com Fernando Bob entre os zagueiros. Usa o 4-2-3-1. Deve seguir no meio da tabela.
4-2-3-1 da Macaca é baseado nesta equipe.

Internacional

Semifinalista da Libertadores e extremamente criticado após queda na competição. Trabalho de Aguirre era ótimo e foi interrompido. Argel, com estilo de jogo diferente, chegou. Reatividade, força física e muito uso das ligações diretas e cruzamentos, além dos encaixes de marcação. Rodízio acabou. Esquemas mais utilizados devem ser 4-3-1-2 e 4-2-3-1. Tem elenco para brigar por G4, mas realidade deve ser o meio de tabela.
Uma possível base do Inter de Argel, no 4-3-1-2.

Santos

Propositivo, mas mortal no contra-ataque: o Santos é outro desde a chegada de Dorival Jr! Mais agressivo, organizado e moderno. Jogo dinâmico e que muito passa pelo ótimo Lucas Lima, que organiza, marca, passa com qualidade e chega à frente para concluir e/ou dar o passe final. Vem jogando com 6 jogadores das categorias de base do clube entre os titulares. 4-2-3-1 é o esquema tático. Pode surpreender e brigar pelo G4.
Base do 4-2-3-1 do Peixe de Dorival Jr.

Flamengo

Outro que já está em seu 3º técnico no ano. A gestão tão elogiada pela modernidade no que diz respeito ao lado financeiro, ao abatimento das dívidas, pelo visto não entende muito de futebol. Trabalho do treinador não funciona sem tempo. Difícil projetar algo, visto que Oswaldo de Oliveira recém chegou. Seus times costumam construir jogo atrás e utilizar de conceitos modernos, como saída lavolpiana e aproximação das linhas sem bola. 2ª pior defesa da competição ao lado do Avaí (28 gols sofridos). Sofre com a bola aérea ofensiva e precisa melhorar desempenho como mandante. Time de Cristóvão não obtinha resultados e atuações satisfatórias no Maracanã, graças à pouca movimentação e poder de infiltração. Pontos para Oswaldo observar. Deve seguir no meio da tabela.
Possível base do 4-2-3-1 com Oswaldo.

Cruzeiro

Atual bicampeão brasileiro, demitiu Marcelo Oliveira após queda na Libertadores e trouxe Luxemburgo, treinador que não faz grande trabalho há um bom tempo. Método de trabalho obsoleto e desempenho fraco na criação. Defesa sólida e proteção bem feita. 4-3-3/4-1-4-1 é o esquema-base. Luta contra o rebaixamento, a princípio.
Time-base do Cruzeiro, no 4-3-3.

Figueirense

Dava sequência no trabalho de Argel até o mesmo receber convite do Internacional e deixar o clube (era o 3º técnico mais longevo da Série A, atrás de E. Baptista e Levir Culpi). Utilizava de transições rápidas e ligações diretas com Argel. Agora, com René Simões, estilo deve ser semelhante. Compactação e velocidade para sair pelos lados, especialmente com Clayton. Time que mais acerta desarmes no campeonato, que menos acerta passes e que menos finaliza. 4-3-1-2 deve ser mantido. Luta contra o rebaixamento.
Base do 4-3-1-2 que René pode usar.

Goiás

Compacto sem a posse, muitos encaixes individuais. Contra-ataca em velocidade (especialmente com Erik) e marca em duas linhas. Felipe Menezes joga solto, livre para articular jogadas. Dita o ritmo do time. 4-3-1-2, com variações para o 4-2-3-1. Luta contra o rebaixamento.
Time-base do Goiás. No 4-3-1-2/4-2-3-1.

Avaí

Mantém o comando técnico e trabalha. A realidade do elenco é essa. Trabalho de Gilson Kleina é bom, buscando fazer o time marcar compacto e com superioridade numérica no lado da bola. Sai em velocidade, usando muito Nino Paraíba pela direita. Marquinhos, mais experiente do grupo, pouco joga. Faz falta, tem qualidade e representatividade. Esquema predominante é o 4-3-1-2. Luta contra o rebaixamento.
Time-base do Avaí. No 4-3-1-2.

Coritiba

Depois de dois anos sendo salvo por Alex, desta vez a tarefa é ainda mais difícil para o Coxa. Com Ney Franco, esquema é mantido em praticamente todos os jogos: 4-2-3-1. Jogando no Couto Pereira, propõe o jogo. Fora de casa, é reativo. São apenas 5 pontos em 30 disputados longe do Alto da Glória. 2º pior ataque da competição ao lado do Joinville, com apenas 13 gols marcados. Precisa de aproveitamento superior a 40% no segundo turno. Luta contra o rebaixamento.
Time-base do Coxa, no 4-2-3-1.

 

Joinville

Outro time desde a chegada de PC Gusmão, 3º técnico da equipe no ano. Mais organizado e coletivo. Reativo e marcação a bloco médio/baixo. Velocidade pelos flancos. Apenas 13 gols marcados. Precisa de aproveitamento de aproximadamente 45% no 2º turno para permanecer na elite. 4-1-4-1 é o esquema. Luta contra o rebaixamento.
Base do JEC para a sequência na luta contra o Z4. No 4-1-4-1.

Vasco

Refém das últimas gestões, o Vasco vive realidade dura. Dificilmente escapará de seu 3º rebaixamento. Precisa de aproveitamento de aproximadamente 50%. Já está em seu 3º treinador do ano. O respeito passa longe de São Januário... Time mal organizado, jogadores de idade avançada sem intensidade para 90 minutos e outros de qualidade duvidosa. Reativo e extremamente dependente dos brilhos individuais, especialmente de Nenê. Pior ataque (8 gols pró), pior defesa (34 gols sofridos) e time que mais leva cartões na competição. 4-2-3-1 é o esquema tático. Luta arduamente contra o rebaixamento.
Base do 4-2-3-1 de Jorginho para conduzir o Vasco na luta contra o 3° rebaixamento.

Emocionante, bom técnica e taticamente e com estádios mais cheios que nos últimos anos. Este é o Brasileirão 2015 até então. Criticamos, mas assistimos. Reclamamos dos altos preços em muitos estádios, mas comparecemos. Treinadores com ideias modernas vão tendo cada vez mais espaço, o que é excelente. O nível só aumenta. Que siga assim e que o 2º turno seja ainda melhor!

Estatísticas de Footstats*

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Santos é superior, vence e abre boa vantagem na Vila Belmiro


Santos, em reabilitação desde a chegada de Dorival Jr, recebia o líder da Série A, Corinthians, na Vila Belmiro, pela Copa do Brasil. Expectativa de jogo equilibrado, pela qualidade de ambas as equipes e histórico equilibrado do confronto.
Porém este equilíbrio foi apenas teórico. No campo se viu um Corinthians tímido, fechado e dominado pelo rival. Santos intenso e capaz de trabalhar facilmente entre as linhas de marcação corintianas. 
Equipes foram a campo em seus esquemas habituais. Santos no 4-2-3-1 (4-4-1-1 sem posse), com Vanderlei no gol; Victor Ferraz, David Braz, Gustavo Henrique e Zeca na primeira linha; Thiago Maia e Renato volantes; Gabriel e Geuvânio nas pontas, Lucas Lima por dentro, livre para flutuar entre-linhas; Ricardo Oliveira na referência. Corinthians no 4-1-4-1, com Cássio no gol; Fágner, Felipe, Gil e Uendel na primeira linha; Bruno Henrique entre as linhas; Renato Augusto e Elias nas meias, Malcom e Jadson nas pontas; Luciano (Love) como "nove móvel".
4-4-1-1 do Santos ao negar espaços.
Panorama do primeiro tempo.

Ataque posicional do Santos, com L. Lima armando de trás e 4-1-4-1 do Corinthians bem claro.

Mandantes propondo jogo, com intensidade em todas as ações e pressão alta. Jogo muito forte pelos flancos, laterais adversários quase que exclusivamente marcando na primeira etapa.
Time de Tite seguiu sua característica rotineira como visitante: compactada em bloco baixo e com pouca pressão. Abdicou de atacar nos 45' iniciais e foi dominado, mesmo conseguindo fechar bem linhas de passe e tendo as linhas próximas. Os pontas, tão criticados ontem (especialmente Malcom), foram mal graças ao jogo do Santos que exigia que eles auxiliassem na marcação a todo momento. Quando time tinha a bola, dificilmente eles davam continuidade às jogadas.
Lucas Lima foi o que se espera dele, em uma de suas melhores atuações com a camisa santista. Abrindo espaços e criando jogadas de trás, fez o jogo fluir e ficar vertical. Trabalhou livremente entre as linhas do Corinthians e ditou o ritmo. Passe muito qualificado.
Lucas Lima no jogo de ontem. Via Footstats.
Em uma das vezes que Gabriel e Geuvânio trocaram de posições, gol. Quatro defensores perto de Geuvânio, que estava com a bola pela direita e Lucas Lima livre mais ao centro. Recebeu livre e cruzou na medida para Gabriel, às costas da defesa, para abrir o placar.




Jogada do 1° gol santista.


Corinthians, atrás no placar, buscou ficar mais com a bola e equilibrar o jogo. Santos passou a jogar reativamente, fechando linhas de passes e chegando através de transições rápidas. 
Novamente ele, Lucas Lima, decidindo. Marquinhos Gabriel tocou para Lucas e se projetou, às costas de Uendel. O mais novo convocado devolveu na medida para Marquinhos ampliar. 

O 2° gol do Peixe. Outra assistência de Lucas Lima.

Com dois gols de vantagem no placar, Santos seguiu reativo. Bem compacto, esperando contra-ataques para quem sabe chegar ao terceiro gol. Corinthians seguiu tentando, trabalhando a bola, mas foi presa fácil (finalizou corretamente apenas 4 vezes na partida).


Vitória justíssima do Santos e custo alto para o Corinthians. Além da derrota, perdeu Luciano, que rompeu ligamentos do joelho direito na primeira etapa. Volta à tona um grande problema do elenco corintiano: a referência. Vagner Love ainda não se mostra confiável. Baixo desempenho e apenas 5 gols em mais de 30 jogos pelo clube.
Vantagem santista é boa, mas decisão é na Arena Corinthians, onde o Timão tem 17 vitórias em 23 jogos no ano. 
Destas 17 vitórias do Corinthians na Arena em 2015, 5 reverteriam o placar da ida. 4 levariam a decisão para os pênaltis. Timão precisa de três gols de diferença para se classificar de maneira direta. 2-0 leva decisão para os pênaltis. Derrotas por 1-0, 2-1 e qualquer empate classificam o Santos, que, portanto, é favorito e deve jogar no erro do Corinthians em São Paulo.